PROJETO MEROS DO BRASIL PUBLICA ARTIGO CIENTÍFICO SOBRE MEROS JUVENIS E PARTICIPA DE PUBLICAÇÃO COM DESCOBERTA DE NOVA ESPÉCIE - Projetos Meros do Brasil

De autoria do Projeto Meros do Brasil, o trabalho é pioneiro na América do Sul,

região relevante na distribuição dos meros no Oceano Atlântico.

 

Foi publicado recentemente na revista Bulletin of Marine Science (Boletim das Ciências Marinhas) da Universidade de Miami, o artigo científico intitulado Nonlethal stable isotope analysis reveals consistent trophic growth of juvenile Atlantic goliath grouper Epinephelus itajara in Brazilian estuaries, em tradução livre “Análise ​​não-letal de isótopos estáveis revela crescimento trófico consistente de juvenis de meros (Epinephelus itajara) em estuários brasileiros”.

 

De autoria de pesquisadores do Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o trabalho é pioneiro na América do Sul, região bastante relevante na distribuição dos meros no Oceano Atlântico. “É a primeira vez que é publicado no Brasil um estudo investigando a ecologia trófica dos meros, em seus primeiros anos de vida, através da análise de isótopos estáveis”, explica Lorena Lopes, pesquisadora do Meros e primeira autora do artigo, que faz parte de sua tese de doutorado. Mas afinal, o que isso quer dizer?

 

Para entender melhor, vamos voltar às aulas de química. Os isótopos são átomos do mesmo elemento químico (mesmo número de prótons), mas que diferem em número de nêutrons, apresentando diferentes massas. As pesquisas científicas já demonstraram que as composições isotópicas dos tecidos de animais dependem de uma série de fatores, mas principalmente da alimentação, da água ingerida e dos gases inalados, assim como, dos vários processos metabólicos. Assim, os isótopos são utilizados como ferramentas que funcionam como rastreadores da circulação dos elementos químicos na natureza, sendo capazes de traçar conexões entre os vários níveis ecológicos do ecossistema, uma vez que a razão isotópica dos elementos - nesse caso o nitrogênio - do corpo dos consumidores geralmente assemelha-se a suas dietas.

 

O objetivo do estudo publicado foi determinar os valores da composição isotópica do elemento nitrogênio. Essa relação fornece informações relevantes sobre a ecologia trófica dos juvenis de meros, ou seja, sobre as relações alimentares que resultam na troca de energia e nutrientes entre diferentes organismos.

 

“O resultado apontou que a composição isotópica de nitrogênio aumenta à medida que os meros apresentam maiores tamanhos, ou seja, podemos dizer que há crescimento trófico à medida que os meros crescem”, revela Lorena. Em bom português: à medida que os meros crescem suas relações alimentares também mudam. Os crustáceos passam a ser substituídos por peixes, animais mais energéticos, com maiores valores proteicos, e isso acaba por influenciar a curva de crescimento da espécie.

 

Régua utilizada para medir os pequenos meros capturados para o estudo.

O artigo também aponta outra possível razão para o aumento da composição isotópica de nitrogênio: a poluição ambiental. Mas para confirmar essa hipótese, os autores afirmam que serão necessários novos estudos.

 

Para o trabalho, que envolveu outros seis pesquisadores, incluindo um dos idealizadores do Projeto Meros, o professor Dr. Maurício Hostim, foram analisados os tecidos de 100 merinhos, entre 9 e 50 centímetros, em duas regiões do Espírito Santo: São Mateus e Itaúnas. Como o mero é uma espécie ameaçada de extinção foi utilizado um método não letal de amostragem. Para conseguir determinar a composição isotópica de nitrogênio - relembrando: o índice que traria as respostas sobre a ecologia dos pequenos predadores - foram retiradas pequenas amostras, ou seja um pedacinho, da nadadeira dorsal dos meros.

 

“Essa é uma metodologia minimamente invasiva que não afeta a vida do peixe, pois ele se recupera e a nadadeira cresce novamente”, salienta Lorena. Depois de coletadas as amostras, os meros foram soltos novamente no ambiente e após algum tempo esforços de recaptura foram realizados pela equipe para avaliação. Os resultados comprovaram que os merinhos continuavam vivos e bem, comprovando a não letalidade do estudo.

 

Se você quiser ler o artigo na íntegra, tirar dúvidas com os autores ou conversar sobre a publicação escreva para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

 

Publicações em números

 

Nos últimos quatro anos, o Projeto Meros do Brasil realizou mais de 50 publicações dentre as quais se somam artigos científicos, capítulos de livros e resumos, e também livros e guias, direcionados para o público em geral, com o objetivo de levar para toda a sociedade informações sobre o oceano, a vida marinha, e sobre temas transversais do Projeto, como educação e sustentabilidade.

 

Em um curto espaço de tempo, de janeiro de 2021 até hoje, o Meros do Brasil publicou 11 artigos científicos, incluindo o estudo apresentado aqui acima e outro recente trabalho que também apresenta registros inéditos no Oceano Atlântico Sul.

 

Crédito imagens: Maíra Borgonha

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