Nota de esclarecimento - Projetos Meros do Brasil

No dia de ontem, 14 de novembro de 2019, tomamos conhecimento, por meio de inúmeros compartilhamentos nas redes sociais, da divulgação em rede nacional do consumo e comercialização de meros em receita culinária denominada “MERO CONFITADO”, no Programa de Televisão MESTRE DO SABOR, veiculado pela emissora Rede Globo de Televisão.

Vimos por meio desta publicação esclarecer questões sobre a proibição do consumo de meros, o impacto que o programa acima mencionado causa na conservação da espécie e os encaminhamentos que serão dados pelo Instituto Meros do Brasil.  

1) Epinephelus itajara, peixe da família das garoupas e chernes e badejos é ampla e exclusivamente conhecido no Brasil como mero.

2) O mero (Epinephelus itajara) é uma espécie em ameaça de extinção no Brasil e no mundo. A espécie está criticamente em perigo de acordo com a lista vermelha de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente/ICMBio (2014) e globalmente vulnerável de acordo com a União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, 2016)

3) A Portaria N° 13/2015 (MPA/MMA) protege os meros, estabelecendo a proibição da sua captura, transporte e comercialização dos meros em território nacional. A prática é considerada crime ambiental. Os infratores estarão sujeitos à detenção de um a três anos, multa, ou ambas as penas cumulativas (Lei nº 9.605 de 12/02/98 e Decreto nº 6.514 de 22/07/08). A moratória que proíbe a captura e venda existe desde 2002 com três prorrogações consecutivas.

4) Os meros são peixes de crescimento lento, com reprodução tardia, que atingem grande tamanho (2,5 m de comprimento e 400 kg de peso) e habitam vários ecossistemas ao longo do seu ciclo de vida. Essas características tornaram a espécie muito vulnerável às atividades antrópicas, em especial a pesca e poluição, colocando-a em sério risco de desaparecer da costa brasileira. Para que uma geração de meros são necessárias mais de duas décadas.

5) O Projeto Meros do Brasil, realizado pelo Instituto Meros do Brasil, tem por objetivo a conservação dos meros e dos ambientes marinhos e costeiros. O PMB desenvolve ações de pesquisa (biologia, ecologia, genética, piscicultura), comunicação e educação ambiental  subsidiando Políticas públicas direcionadas aos ambiente marinho-costeiro e aos meros.

Acreditamos que o episódio repercutiu direta e negativamente contra a preservação dos meros, pois incita as práticas ilegais do uso, consumo e comercialização de uma espécie ameaçada, protegida integralmente no país. Para além disso, deturpa e atua contra o trabalho de preservação e proteção da espécie realizado há mais de 17 anos não apenas pelas iniciativas do Projeto Meros do Brasil, mas todas aquelas governamentais e da sociedade civil que se somam à preservação e recuperação desta espécie.

A título de comparação, sendo uma espécie que corre risco crítico de extinção, o consumo de mero equivale ao consumo de espécies como a baleia azul (Balaenoptera muscullus) ou a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) que compartilham o mesmo status de ameaça que os meros.

Parte da alta biodiversidade brasileira está em risco de extinção, por isso precisamos ter consciência e responsabilidade com o que consumimos, evitando as espécies ameaçadas. Pratique o consumo consciente.

Informamos que as todas as medidas e providências que cabem ao Projeto e ao Instituto Meros do Brasil serão tomadas, tais como encaminhamentos de evidências e denúncia, solicitação de esclarecimentos e informação à população visando reduzir os danos praticados pela emissora, que tem um papel importante na transmissão de conteúdo informativo de forma consciente à população brasileira. 

Agradecemos a população e aos telespectadores que contribuíram com o IMB/PMB para o conhecimento dos fatos.

Curitiba, 15 de novembro de 2019

Instituto Meros do Brasil/Projeto Meros do Brasil.

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